Graças ao advento do Capitalismo e da Revolução
Industrial iniciada no século XVIII, a população a princípio inglesa, e global
posteriormente, teve a possibilidade de uma ascensão social e econômica (nunca
experimentada antes), visto, as novas maneiras de produção que estavam
surgindo. Ora, segundo Ludwing Von Mises, não houve termo mais mal qualificado
e distorcido que o termo “Capitalismo”, ao longo de toda a história. E esse
dado, não é de difícil constatação, pois frequentemente nos deparamos com frases
que dizem coisas como “no capitalismo, só enriquece quem já é rico”, “o
capitalismo torna os pobres mais pobres ainda, e torna os ricos mais ricos”,
etc.
Sobretudo, esses falsos levantamentos sobre
capitalismo, são completamente fáceis de serem desmentidos e desmascarados,
quando tomamos como fonte de conhecimento e estudo, os escritos dos principais
autores liberais clássicos e a história da Revolução Industrial e suas
consequências.
O sistema socioeconômico em vigor na Europa
Ocidental durante a Idade Média, era o Feudalismo, o qual dividia a população
em três níveis sociais formada pelo clero, pelos nobres e pelos servos.
As condições existentes no período
pré-capitalista eram deveras duras e impassíveis de melhorias para a população
rural, ou seja, para os servos, os quais trabalhavam apenas para sua
subsistência e satisfação das necessidades básicas, ainda que seja notável o
fato de tais necessidades não serem plenamente atendidas no sistema feudal. Os
servos, trabalhavam nos feudos (propriedades de terras dos senhores feudais)
para os senhores feudais, que faziam parte da nobreza, e estes por sua vez
deveriam proteger os servos de ataques e invasões, por isso construíam castelos
fortificados e muralhas.
Como é sabido, o sistema de produção era
destinado ao consumo local, e não para comercialização fora dos feudos. Desse
modo, produzia-se e parte do produzido ficava com os servos, e outra parte com
os senhores feudais. Essa sociedade estamental, impossibilitava os servos a
terem uma mudança de seu status social com o qual nasceram, pois o status era
passado hierarquicamente, algo que somente o capitalismo pode proporcionar
mudanças benéficas.
A Inglaterra do século XVIII, que possuía uma
população de seis a sete milhões de habitantes, tendo mais de um milhão que não
passavam de meros indigentes e necessitados, vivendo sob o feudalismo, que nada
os proporcionava.
Ainda falando da Inglaterra, era perceptível e
notória a falta de matéria-prima, como a madeira por exemplo, e os ingleses não
sabiam o que iria ocorrer quando as suas árvores não fossem suficientes para
suprir as necessidades da sociedade inglesa. E desta situação apocalíptica
nasce o capitalismo moderno, onde as pessoas que eram necessitadas começam
organizar-se para realizar pequenos negócios para produzir produtos. E estes
produtos não eram caros, pois produziam bens baratos para satisfazerem as
necessidades de todos. Como escreveu Mises, “o desenvolvimento do capitalismo
consiste em que cada homem tem o direito de servir melhor e/ou mais barato o
seu cliente”. Inicia-se então a produção em massa. Ora,
anteriormente as primitivas industrias de beneficiamento, produziam somente
para a população rica das cidades, agora, porém, as novas industrias
capitalistas começam a produzir artigos/produtos baratos que visam atender a
todos. Até hoje, é este modelo capitalista que rege a economia (de livre
mercado sobretudo); grandes empresas que trabalham para produzir produtos em
massa visando suprir as necessidades de toda a sociedade.
Nisto, vemos a distinção do sistema do feudalismo
para o sistema capitalista moderno que surgia, “e, num tempo relativamente
curto, esse método, esse princípio, transformou a face do mundo, possibilitando
um crescimento sem precedentes da população mundial.”
A Inglaterra que no século XVIII, como vimos
anteriormente, somente podia sustentar cerca de seis milhões de pessoas, com
baixíssimo nível de qualidade de vida, atualmente pode sustentar mais de
cinquenta milhões de pessoas com um padrão e qualidade de vida, muito
superiores aos nobres do século XVIII. É fato que hoje, graças ao capitalismo e
a economia de livre mercado, “a população deste planeta é hoje dez vezes maior
que nos períodos precedentes ao capitalismo”.
Somente para exemplificar um pouco, antes do advento do capitalismo, somente os indivíduos de classe média possuíam sapatos, e os de classe baixa não.
Hoje, há diversas marcas de sapatos, o que poderia distinguir alguém da classe média para a classe baixa, somente seriam o valor dos sapatos e a marca deles, mas basicamente todos possuem ao menos um sapato. E este exemplo pode ser aplicado e visto em relação a roupas, comida, etecetera. Mas porque e como isto acontece? “Esses progressos são fruto da acumulação do capital; baseiam-se no fato de que as pessoas, por via de regra, não consomem tudo o que produzem e no fato de que elas poupam – e investem – parte desse montante.”
Bom, passemos ao Liberalismo. O Liberalismo possui
tanto uma área econômica quanto política, e estas se diferem de muitas
maneiras, todavia, irei me ater neste artigo ao lado econômico, ou seja, o
grande Liberalismo Econômico Clássico. Somente para elucidar um pouco este
aspecto, nos Estados Unidos as terminologias “esquerda” e “direita” são
chamadas respectivamente de “liberalism” e “conservatism”
respectivamente, ficando claro como “a terminologia americana é mais sã e
realista do que a brasileira” e “mostrando que o pivô da luta política é a
escolha entre conservar os valores e princípios dos Founding Fathers (pais
fundadores), ou, ao contrário, liberar-se deles. O fato de que esses valores e
princípios absorvam em si o legado do liberalismo econômico clássico (de Adam
Smith a Ludwig von Mises) poderia gerar algum equívoco, mas nunca vi um
americano com mais de oito anos de idade confundir “classic liberalism”,
que é uma teoria econômica, com o liberalismo político de Ted Kennedy, Nancy
Pelosi e George Soros, que tende a uma economia estatizante e socialista”.
(Olavo de Carvalho)
O Liberalismo é uma doutrina que preza a
liberdade individual sobre as demais coisas, acima de todas as áreas humanas,
tendo posições políticas que procuram uma melhor organização e operação do
Estado com o mínimo de interferência possível na vida dos cidadãos. Desse modo,
de acordo com seus principais e mais influentes teóricos (como Adam Smith, John
Stuart Mill, Ludwig Von Mises, etc.), o Liberalismo defende e luta pelo direito
a propriedade privada, pela a liberdade e direitos individuais, pela igualdade
perante a lei, pela vida e pelo livre comércio. O Liberalismo está ligado aos
ideais dos filósofos iluministas do século XVIII, que acreditavam no progresso
da sociedade através da “livre concorrência das forças sociais”. O Liberalismo
econômico é sistematizado pelo economista escocês Adam Smith, o qual na sua
obra magna, “A Riqueza das Nações” demonstra que para o crescimento da produção
e do mercado, é necessária uma divisão do trabalho, e “esse modelo depende da
livre concorrência, que força o empresariado a ampliar a produção, buscando
novas técnicas, aumentando a qualidade do produto e baixando ao máximo os
custos da produção”. (Brasil Paralelo)
Alguns dos pontos crucias desenvolvidos por Adam
Smith na sua teoria econômica são; tributação mínima, livre mercado e a
propriedade privada. Esta propriedade privada, é privada e particular de fato,
pois somente quem a possui tem o direito de decidir o que fará com ela, e não
pode ser submetida ao estado que por meio do governo determina o que fazer com
cada propriedade.
Frédéric Bastiat, escritor e economista francês,
escreveu em 1850 um dos seus ensaios mais famosos chamado “A Lei”, ensaio este
que escreveu para refutar as ideias levantadas por Karl Marx no Manifesto do
Partido Comunista (leia sobre no último artigo do blog neste link:https://umbrasileiroconservador.blogspot.com/2021/08/paz-mentira-comunista.html),
e prever (de modo brilhante), como seria um governo e estado
comunista/socialista. Neste livro, ele descreve sobre a função da Lei, e
segundo ele objetivo desta, é simplesmente proteger a propriedade privada de
cada indivíduo da sociedade.
Sendo ele um defensor do direito natural assim
como John Locke, que desenvolve e sistematiza o Liberalismo político,
fundamentando a liberdade do indivíduo na natureza humana, e não de origem
divina ou estatal, declara que “não
é porque os homens promulgam leis que personalidade, liberdade e propriedade
existem. Pelo contrário, é porque personalidade, liberdade e propriedade já
existem que os homens fazem leis”.
Na economia de mercado, a qual é um sistema
social que se baseia na divisão do trabalho e na propriedade privada dos meios
de produção, cada pessoa é simultaneamente, um meio e um fim; ou seja, “um fim
último em si mesmo e um meio para que outras pessoas possam atingir seus
próprios fins”. (Mariana Peringer)
Tal sistema é dirigido pelo mercado, e este
segundo Mises não é um local, mas sim um processo movido pela interação de
ações dos indivíduos cooperando sob o regime da divisão do trabalho. O mercado
guia as atividades das pessoas, não sofrendo interferência do Estado nas
atividades de produção dos indivíduos.
Os países hoje que possuem uma maior renda per
capita e crescimento econômico são países mais libertários, tendo por
outro lado, os países mais intervencionistas um baixo crescimento econômico e
uma baixa renda per capita.
E não apenas isto, mas o IDH( Índice de
Desenvolvimento Humano) mostrou-se totalmente relacionado a liberdade econômica
de um país, pois, “observando os cinco países melhores colocados nos rankings
de IDH e de liberdade econômica, identificou-se que Singapura, Austrália e
Suíça aparecem entre os cinco mais bem colocados em ambos os índices, o que,
por si só, já enseja a existência de correlação positiva entre liberdade
econômica e desenvolvimento humano ou, dito de outra forma, levanta indícios de
que quanto maior for o grau de liberdade econômica de um país, melhor será seu
IDH”. (Guilherme Azevedo da Silva)
Em primeiro lugar neste ranking de IDH
encontramos a Noruega, com a nota 0,949 em Grau de Desenvolvimento Humano,
sendo considerado uma nota alta, e atrelado a isto, ao nível alto de Liberdade
Econômica, com nota de 71,82. Em seguida, em segundo lugar do ranking de IDH
temos a Austrália com nota 0,939 em Grau de Desenvolvimento Humano, tendo nota
81,39 em Grau de Liberdade Econômica, sendo o 4º país no ranking do
Índice de Liberdade Econômica (ILE).
Há inúmeras provas históricas que o Liberalismo Econômico funcionou no passado, e continua funcionar na contemporaneidade, sendo responsável direta e indiretamente das melhorias na qualidade de vida que usufruímos hoje. Encerro, citando um trecho do livro “Sobre a Liberdade”, escrito em 1859 por John Stuart Mill, filósofo e economista britânico, e um dos grandes nomes do Liberalismo Econômico; “Pois o único propósito para o qual o poder pode ser legitimamente exercido sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar dano aos outros. Seu próprio bem, físico ou moral, não é justificativa suficiente. O indivíduo não pode ser legitimamente obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa porque assim seria melhor para ele, porque o faria mais feliz, porque fazer tal coisa seria, na opinião dos outros, sensato ou mesmo correto”. – John Stuart Mill, Sobre a Liberdade, pág. 22 e 23, ed. L&PMPocket,2016.
Autor do artigo: Thiago R. Monteiro
Fontes:
Ludwig von Mises. As seis lições (Locais do Kindle 153-154). Instituto Ludwig von Mises Brasil. Edição do Kindle.
Ludwig von Mises. As seis lições (Locais do Kindle 154-155). Instituto Ludwig von Mises Brasil. Edição do Kindle.
John Stuart Mill, Sobre a Liberdade, pág. 22 e 23, ed. L&PMPocket,2016.
Ludwig von Mises. As seis lições (Locais do Kindle 161-162). Instituto Ludwig von Mises Brasil. Edição do Kindle.
Ludwig von Mises. As seis lições (Locais do Kindle 237-238). Instituto Ludwig von Mises Brasil. Edição do Kindle.
https://conteudo.brasilparalelo.com.br/politica/o-que-e-liberalismo/
https://olavodecarvalho.org/o-patinho-feio-da-politica-nacional/
https://www.youtube.com/playlist?list=PLGwvNK7TfSlLZX91q2tMfU_gfWuDGE7dL
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Excelente texto amor!
ResponderExcluirMuito bom, é interessante para a compreensão dos problemas econômicos modernos. Viva o Liberalismo Econômico! Ave Império.
ResponderExcluirDeus o abençoe TG. E que Cristo seja glorificado em tudo.
ResponderExcluirDeus o abençoe TG. E que Cristo seja glorificado em tudo.
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